terça-feira, 7 de junho de 2011

15 Dias para Sobreviver a uma Entrevista

Continuando a série de artigos sobre empregabilidade, desta vez nos debruçamos a refletir sobre o que os especialistas chamam de pequenos cenários. Coisas que podem ocorrer, quando se é chamado para ocupar uma posição, ou seja numa entrevista. Para ser justo e coerente com os lados envolvidos: O Candidato e o Entrevistador, passaremos a palavra, ora a um, ora a outro. Isto, de maneira que eles possam explicar – segundo sua visão do processo – o que pode ser interpretado como insulto ou boa postura.
Do lado de quem contrata, em uma entrevista de emprego, não há nada mais constrangedor do que aquela situação quando o entrevistador pede ao candidato à vaga, que responda à “clássica ” pergunta: aponte uma virtude e uma deficiência de sua atitude como profissional. E a maioria responde que, “minha virtude é ser bem organizado” e “meu defeito é o perfeccionismo”. “Nem durmo à noite preocupado com o serviço”. Famosas últimas palavras! Pois se todo mundo responde assim, muito poucos o são, realmente. Logo, você está querendo só enrolar. Pelo lado do candidato, um pavor clássico é o de cometer erros e perder a chance.
Por isso, é bom conhecer as coisas dos dois lados, para minimizar as chances de acidente.
Mas porque isto sempre acontece? Eis um dado curioso. As organizações são baseadas em padrões, portanto, tudo deve poder ser repetível e administrável. Eis um paradigma (ou praga) moderno de nossa sociedade. Como as corporações em sua busca de eficiência acabaram determinando o modo de vida do trabalhador, torna-se necessário saber como selecionar as competências realmente interessantes. Então apenas se repetem chavões e padrões copiados, sem muita criatividade.
Lógico que as pessoas mentem, omitem ou valorizam suas competências em uma entrevista de emprego! Elas precisam trabalhar, pois sem trabalho não há como sobreviver dignamente. Só que as pessoas têm que ser adequadas. Um funcionário proativo em uma rotina operacional fechada será um desastre, pois ele sempre tentará mudar as coisas! Um conformista em um departamento dinâmico, ficará estressado pela angústia das mudanças. O real desafio é extrair as justificativas das respostas e analisar o contexto, para isso é que servem os bons psicólogos.
Mas, você nem sempre terá esta chance. Os testes seletivos, também não ajudam. É comum que se receba apostilas para preencher ainda com as marcas das respostas do candidato anterior, mal apagadas… Além disso, falta capacitação dos que os aplicam ou avaliam, pois desenhar um coqueiro não significa que você não serve à empresa por não ter raízes ou que testosterona faz vender. Entre outras sandices. O importante é deixar claro que podemos mensurar comportamentos, mas, nunca se poderá definir o que é (ou será) uma pessoa, apenas através de técnicas seletivas. O que precisamos é respeitar a inteligência e o caráter das pessoas e alocá-las onde possam ser mais produtivas e felizes, de acordo com suas capacidades e aceitando sua participação na melhoria do negócio.
Também é fato, que as empresas têm todo o direito de receber determinado montante de produção e comprometimento, não somente tempo, por ter contratado o profissional, remunerando-o de forma adequada e ajustada, inclusive com benefícios. Assim, cuide bem de compreender o ecossistema em que está inserido e não perder o foco, quando a questão é conseguir um emprego e manter-se nele. Pois, não basta ser contratado, é preciso estar no lugar certo fazendo a coisa certa ou ter a possibilidade de evoluir no curto prazo. Gostar também ajuda, mas saber apreciar é algo que se desenvolve.
Para ajudar um pouco a esclarecer a discrepância de pontos de vista, de forma prática, elencamos quinze reclamações constantes de candidatos e selecionadores. Preste atenção e aumente suas chances de ser contratado.
O que é Insuportável para um Selecionador:
1 – Ouvir você se referir a si mesmo na primeira pessoa: “Eu isto”, “Eu aquilo”, “Eu consegui”, “Eu mudei”, “Eu aumentei o faturamento em 45%” etc. Seja humilde e inclua os outros no seu pacote. Diga: “nós”, “nossa equipe” de vez em quando ou estará fora já na primeira etapa…
2 – Chover chavões: Usar adjetivos batidos como “dinâmico”, “criativo”, “inovador”, “proativo”, afinal se você é tudo isso, porque está suando frio e pedindo esta merreca de salário? Cuidado, seja apenas sério e comprometido e já vai estar muito bom. Venda-se de maneira elegante e madura.
3 – Falar muito e acabar viajando na maionese: O excesso de papo pode entediar muito seu ouvinte, se você não for convincente e, principalmente coerente. Evite justificativas, fazer o papel de vítima, discursar enfaticamente sobre seu talento. Deixe as amenidades para o final da entrevista, onde pode até contar um “causo”, se quiser.
4 – Questionar detalhes irrelevantes ou superficiais, como qual modelo de notebook que a empresa oferece ou se pode usar seu programa de milhagem nas viagens. Isto demonstra total falta de bom senso e deixa claro que você está nessa só pelo dinheiro.
5- Faltar à entrevista e nem ao menos avisar com antecedência. Também dá mancada quem cancela e remarca várias vezes o encontro. Não se esqueça que a pessoa o chamou lá justo para avaliar suas competências e comportamento social. Claro que a vida de PHD (por hora disponível) é complicada, mas programe-se. Se a proposta não é interessante, ou misteriosa demais, apenas recuse ou diga que precisa de mais detalhes para decidir. Se o seu perfil profissional for interessante, eles dirão o que quer saber. Se não, paciência.
6 – Quando o candidato insiste, logo de cara, para que o entrevistador revele os detalhes do pacote de remuneração, benefícios ou a empresa contratante, antes da hora. Normalmente, estas questões são tratadas ao final da conversa, na descrição ou quando surge a abertura.
7 – Deixar o celular ligado durante a entrevista. Só é pior quando o candidato resolve atender e ainda justifica ou ameaça: É a minha namorada… Ou pior: Chamaram-me para outra entrevista. A primeira atitude elegante de um candidato é, justamente, desligar o celular e dizer que está à disposição para o processo seletivo. Se não puder agüentar a abstinência, ou você convulsiona sem ele, deixe no vibracall e quando tocar, ignore solenemente. Às vezes funciona…
8 – Iniciar um leilão entre as ofertas da nova empresa e as contrapropostas da empresa atual. Ou entrar no processo seletivo apenas para testar as chances, ou para saber se o salário está na média e desistir depois, pois irá pressionar a empresa atual.
9 – Extrapolar o limite “normal” da ansiedade e ficar ligando, perguntando e mandando email todos os dias querendo saber sobre o andamento do processo. Isto demonstra despreparo e desespero. Encontrar uma nova colocação não depende somente de pensar o tempo, de forma linear, pois a pessoa possui outro tempo que é interno e este é o determinante. Aqui, quando as sistemáticas, crenças, ciências e razões falham (você continua desempregado), é hora da sabedoria encontrada na metafísica: se a dor é grande, olhe a vida de maneira perspectiva. Ela é uma totalidade, onde entre lacunas e atritos, emergem novas condições para o equilíbrio e prosperidade. Nada ocorre por acaso. Agradeça, aprenda e sairá fortalecido.
13 - Falar de forma negativa, irônica ou revelar informações confidenciais sobre as empresas em que atuou e sobre os profissionais com quem trabalhou. Pega muito mal.
14 – Ocultar fatores que são importantes para a função, como a completa impossibilidade de mudar de cidade, fazer horas extras ou de viajar com certa freqüência.
15 – Mentir para conseguir a vaga e depois sair numa etapa posterior do processo ou da empresa na primeira oportunidade que aparece. Isto causa problemas para a empresa e para o selecionador.
Naturalmente se espera a ênfase na venda de seus pontos fortes, habilidades e conhecimentos. Mas, não o exagero, fantasia ou inverdades. Muita gente panfleta o currículo e manda para qualquer vaga. Faz o mesmo na entrevista, mas é logo identificado e excluído.
O que é Insuportável para um Candidato:
1 – Não receber nenhum Feedback: Se o currículo chegou, quando será a próxima etapa, se a vaga foi fechada, se foi recusado. Enfim, qualquer informação relevante para que não se perca mais tempo e esperanças, em relação a esta função.
2 – Gastar dinheiro e tempo para ir até uma entrevista, e no meio do assunto ouvir que o real motivo era só um “queria conhecer você” ou “qualquer coisa nos falamos”. Isto demonstra total desrespeito pela pessoa humana e é a maior causa de queixas feitas contra R&S.
3 – Sentir que o recrutador usou o velho golpe da falsa vaga, diz que você é o cara, que a empresa vai contratar hoje e passa a querer cobrar por um “laudo psicológico” “perfil de competências” ou qualquer besteira do tipo. Não caia nesta: Chame imediatamente a polícia. Aliás: consulte na internet as referências das empresas. Just in case…
4 – Cair na armadilha da isca dourada: Ser chamado para entrevista para determinada posição e salário, e chegando lá, o recrutador passa a falar é de outra vaga, cujos vencimentos e perfil não têm nada a ver com aquilo que você foi informado. Truque sujo.
5 – O recrutador não sabe seu nome e nem sequer leu seu currículo, tudo o que faz é tentar obter o conhecimento de seu perfil por osmose, passando a mão repetidamente sobre o papel ou fazendo inúmeras perguntas, que atrapalham totalmente a entrevista.
6 – Pior que o item acima, só quando o selecionador chama para a entrevista dois candidatos simultaneamente, e diz na cara dura que é para “ganhar tempo”. Quando alguém recusa, a coisa pode complicar pois o recrutador pode passar a fazer a entrevista às pressas porque, neste meio tempo os outros candidatos já chegaram. Falta completa de estrutura e muitas, muitas empresas que selecionam, têm esta rotina. Prepare seu coração!
7 – Ser entrevistado no Fran’s Café, no metrô ou na praça de alimentação de um shopping qualquer, cujo barulho não permite nem ouvir o seu próprio pensamento, por um consultor “autônomo” e que está mais empepinado que você para pagar as contas..
8 – Fazer perguntas invasivas ou inconvenientes, sobre a condição social, desejo de ter filhos; porque não os teve, se é casado de papel passado ou “amigado”, qual o motivo de até agora não ter assumido uma gerência, porque não fez um curso diferente, ao invés de sua atual graduação. Enfim, toda uma investigação, sem objetivo definido, ou proibido por lei. Aliás, a empresa não pode nem discriminar sexo, raça, cor, gênero, idade, religião, nem sequer pedir experiência maior que 6 meses.
9 – Falar em corporativês, misturando siglas e conceitos organizacionais, deixando a conversa totalmente ininteligível, e afinal, colocar um rótulo genérico (em inglês macarrônico), com base no último emprego. Sua avaliação é um mero questionar sobre a “pretensão” de querer postular a vaga, difícil de “entender” por não estar dentro do registro anterior. Haja paciência.
10 – Atrasar para atender, não achar o seu currículo, errar seu nome ou durante a entrevista, ser interrompido por telefonemas, pessoas entrando e perguntando sobre assuntos de outros candidatos, ouvir toda hora “só um instante”, atender o celular ou sair da sala e deixar você alí plantado um tempão.
11 – Olhar você de cima a baixo, com uma expressão desmotivadora e indicar com a cabeça a sala para a entrevista. Talvez, um bom dia inaudível, um aperto de mão fraco e um café frio. Quando você se retira a pessoa olha seus sapatos e decide que você não serve.
12 – Dizer que adorou seu perfil e pessoa e que, certamente, estará na próxima fase. É apenas questão de aguardar uns dias. Meses depois, ninguém responde seus emails e telefonemas.
13 – Recepção calorosa, temperada com brincadeiras picantes ou relacionada à aparência do candidato, sua roupa (tipo: você veio vestida de cafeteira hoje? Perguntou para a moça de xadrez vermelho) sexo, religião, etnia, preferência sexual ou deficiência.
14 – Fazer e testes, e responder a baterias de perguntas direcionadas e enigmáticas, junto com muitas pessoas, sem condições ideais de tempo e local. Quando você pergunta sobre o resultado, nunca recebe qualquer resposta concreta, apenas insights patafísicos: Olha, aqui não há certo ou errado. Você foi bem. O que importa é criar sinergia (ou seja…dançou!)
15 – Ser colocado numa dinâmica e sentir o mediador perder o controle em meio às atividades, ficando sem condições de avaliar a situação ou sequer lembrar quem fez o quê e quando. Pior que isto é participar de brincadeiras sem propósito ou que sejam simplesmente chatas ou destinadas a “liberar o inconsciente”.
Texto extraído do blog do professor Luis Lico, http://blogdolico.wordpress.com/2011/05/09/176/


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